A comunicação é uma das competências mais estratégicas de um líder. Especialmente na alta gestão, onde as decisões são mais sensíveis, os olhares mais atentos e os impactos mais amplos, a forma como se comunica pode determinar o sucesso ou o enfraquecimento da liderança. CEOs, diretores e executivos C-level são cobrados não apenas pelo que dizem, mas por como dizem, quando dizem e para quem dizem.
Líderes que falam com clareza, escutam com intenção e se expressam com propósito constroem respeito, inspiram confiança e criam alinhamento. Por outro lado, os que cometem erros recorrentes na comunicação — ainda que tecnicamente competentes — perdem autoridade silenciosamente, minam a coesão de suas equipes e reduzem sua capacidade de influência.
Neste artigo, vamos analisar os erros de comunicação mais comuns cometidos por líderes da alta gestão que, sem perceber, comprometem sua imagem e sua efetividade. Vamos falar sobre falas genéricas, excesso de jargões, discursos longos e sem foco, ausência de escuta ativa, entre outros pontos que precisam ser eliminados ou ajustados para que a liderança seja realmente percebida, respeitada e eficaz.
Mais do que apresentar os problemas, este artigo oferece alternativas práticas e caminhos para quem deseja liderar com voz forte, conteúdo claro e presença estratégica.
Comunicação como símbolo de liderança
A liderança é construída por atitudes, resultados, decisões — mas também, e sobretudo, por palavras. Elas criam cultura, definem prioridades, constroem segurança psicológica, geram engajamento e, em muitos casos, salvam empresas em momentos de crise.
Na alta gestão, o líder fala em nome da organização. A sua fala influencia o comportamento dos gerentes, define a velocidade da operação, e até impacta o valor percebido da marca no mercado. E isso vale tanto para grandes apresentações quanto para conversas rápidas em reuniões, feedbacks individuais ou respostas públicas a questionamentos sensíveis.
Quando a comunicação não acompanha a responsabilidade do cargo, a liderança se fragiliza. Por isso, é essencial que o executivo esteja atento não apenas ao que pensa, mas ao que projeta com a própria voz. A forma como se comunica é também a forma como será lembrado — ou esquecido.
Vamos agora mergulhar nos principais erros de comunicação que minam a autoridade da liderança no topo das organizações.
Falas genéricas: o discurso que diz tudo e não diz nada
Um dos erros mais frequentes e perigosos na comunicação da alta gestão são as falas genéricas. São discursos que passam uma impressão de engajamento, mas que carecem de conteúdo específico, conexão real com a audiência e objetivos claros.
Falas como:
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“Precisamos fazer mais com menos.”
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“Vamos sair da zona de conforto.”
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“Estamos passando por um momento desafiador.”
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“Vamos buscar excelência.”
Essas frases são comuns, mas sozinhas, não dizem nada de novo ou concreto. Elas não mobilizam, não direcionam e não revelam o que o líder realmente quer comunicar.
A consequência direta disso é a desconexão: os colaboradores não sabem o que fazer a partir daquele discurso. E o líder, por mais bem-intencionado que esteja, passa a imagem de alguém que repete frases prontas, sem sensibilidade ou visão clara.
Como corrigir
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Use exemplos concretos. Ao invés de “buscar excelência”, diga o que exatamente será melhorado e como.
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Associe ideias a resultados mensuráveis.
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Personalize o discurso para quem vai ouvir — uma equipe de operações precisa de uma mensagem diferente de um conselho de administração.
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Fuja dos clichês. Fale como líder, não como um cartaz de motivação.
Excesso de jargões corporativos: a linguagem que confunde mais do que comunica
Muitos líderes, principalmente com histórico em áreas técnicas ou com grande vivência corporativa, caem na armadilha de encher seus discursos de jargões, termos em inglês ou siglas internas. Embora pareça uma linguagem de “quem entende do negócio”, na prática ela gera barreiras de compreensão e afasta a audiência.
Frases como:
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“Vamos alavancar nosso core business com base nos OKRs do Q3.”
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“Estamos buscando mais sinergia entre squads para atingir o nosso ICP.”
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“Precisamos aumentar o NPS e melhorar o onboarding dos stakeholders.”
Sim, pode ser que a liderança saiba o que tudo isso significa. Mas a pergunta é: quem mais entende? E como se sentem os que não entendem?
A consequência do jargão excessivo é dupla:
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O líder parece distante, inacessível, arrogante ou desconectado da realidade da operação.
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A mensagem não é absorvida. E se a mensagem não é compreendida, ela não tem valor.
Como corrigir
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Use linguagem clara e direta. Clareza é respeito.
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Explique termos técnicos quando forem indispensáveis.
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Troque siglas por nomes inteiros sempre que possível.
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Fale como quem quer construir pontes, não como quem quer mostrar erudição.
Discursos longos demais: quando falar demais faz o líder perder força
Há líderes que acreditam que falar por mais tempo é sinal de autoridade. Na prática, o excesso de palavras dilui a força da mensagem, cansa a audiência e confunde o foco.
Um discurso longo demais, sem organização clara, causa os seguintes efeitos:
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O público se desconecta mentalmente após alguns minutos.
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O que é realmente importante se perde no meio de ideias soltas.
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O líder é visto como prolixo, indeciso ou despreparado.
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A equipe não sabe o que fazer depois, porque não entendeu qual era o chamado à ação.
Na alta gestão, tempo é um recurso crítico. Lideranças que se alongam demais sem um objetivo comunicacional claro desperdiçam esse tempo e comprometem sua imagem.
Como corrigir
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Planeje sua fala com início, meio e fim.
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Use a técnica da estrutura executiva: contexto, desafio, ação, resultado.
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Faça pausas estratégicas, mas evite divagações.
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Termine com um chamado à ação claro: o que você espera que as pessoas façam depois?
Falta de escuta ativa: quando o líder fala muito e ouve pouco
Outro erro de comunicação que corrói a liderança é a ausência de escuta ativa. Muitos executivos acreditam que liderar é falar bem — e é —, mas também é ouvir com presença, atenção e humildade.
A escuta ativa vai além de ficar em silêncio enquanto o outro fala. É uma escuta que:
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Demonstra interesse real pelo que está sendo dito
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Usa o corpo e o olhar para validar o interlocutor
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Evita interromper ou antecipar conclusões
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Gera respostas mais completas, justas e empáticas
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Cria ambiente seguro para que as pessoas contribuam
A ausência dessa escuta produz efeitos destrutivos:
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Os colaboradores param de trazer ideias
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As lideranças intermediárias evitam dar feedbacks reais
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O clima organizacional vira palco de ruído e insegurança
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O líder passa a imagem de autoritário, desconectado e fechado
Como corrigir
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Pratique silêncio ativo: ouça para entender, não para responder.
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Parafraseie o que ouviu para validar a escuta.
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Demonstre interesse com perguntas abertas.
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Esteja presente de corpo e atenção — evite distrações visuais ou digitais.
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Agradeça ideias e opiniões, mesmo que não as aceite integralmente.
Comunicação unilateral: quando a liderança se fecha em monólogos
Na alta gestão, há uma armadilha sutil: acreditar que, por estar no topo, o líder deve apenas comunicar ordens, direções e relatórios. Isso gera uma comunicação unilateral, sem diálogo, sem retorno, sem construção coletiva.
A consequência é o isolamento da liderança. O discurso vira declaração, e não construção. E o líder, aos poucos, se desconecta da realidade da base.
O pior: ninguém avisa que isso está acontecendo. A liderança vai perdendo aderência, mas só descobre quando já é tarde demais.
Como corrigir
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Promova espaços de escuta aberta e diálogo real.
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Convide outros líderes a construírem mensagens coletivamente.
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Faça perguntas antes de concluir.
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Considere criar rituais de comunicação horizontal.
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Valorize o que vem “de baixo para cima”.
Comunicação emocionalmente distante: quando o discurso não conecta
Líderes da alta gestão, muitas vezes, adotam uma comunicação excessivamente racional, fria ou robotizada, acreditando que isso demonstra firmeza. Mas isso tem um efeito colateral grave: falta de conexão emocional com a equipe.
Um discurso tecnicamente impecável, mas emocionalmente ausente, não inspira, não engaja, não mobiliza. Ele pode informar — mas não transforma.
Pessoas seguem líderes que fazem sentido — e que fazem sentir.
Como corrigir
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Insira histórias, metáforas ou casos reais na sua fala.
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Use a entonação da voz para refletir emoção autêntica.
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Mostre vulnerabilidade quando for adequado — isso humaniza a liderança.
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Lembre-se: emoção não é fraqueza. É ponte com o outro.
Falta de adaptação ao público: um mesmo discurso para diferentes plateias
Outro erro comum é o líder preparar uma fala única para todos os públicos: investidores, operação, imprensa, conselho, times de vendas, RH. O resultado? Ninguém se sente realmente ouvido.
Cada público tem uma linguagem, um interesse, uma dor e uma expectativa. A comunicação estratégica na alta gestão exige flexibilidade e inteligência contextual.
Como corrigir
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Estude o perfil do público antes de cada fala.
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Adapte exemplos, vocabulário e tom.
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Use dados relevantes para aquele grupo.
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Se possível, faça perguntas antes de falar, para entender melhor quem está ouvindo.
Falta de preparação: a ideia de que “líder fala bem naturalmente”
Muitos executivos acreditam que, por já estarem há anos em posição de liderança, não precisam mais ensaiar, treinar ou planejar suas falas. Esse é um erro fatal.
A autoridade construída por anos pode ser destruída por uma fala mal colocada em 5 minutos. Uma palavra ambígua, uma expressão fora de contexto, uma resposta impaciente. A preparação é o seguro da autoridade.
Como corrigir
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Prepare cada fala com clareza de intenção.
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Treine em voz alta, se possível com alguém de confiança.
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Antecipe perguntas difíceis e pense nas respostas.
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Treine presença, respiração e modulação vocal.
Como a oratória estratégica resgata a liderança comunicativa
Todos os erros que vimos até aqui têm solução — e passam por uma prática fundamental: o desenvolvimento da oratória estratégica.
Oratória estratégica é a habilidade de comunicar com intenção, clareza, estrutura e emoção — alinhando a fala com a liderança.
Ela permite que o líder:
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Fale com precisão e economia verbal
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Inspire conexão e engajamento
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Defenda posicionamentos com assertividade e empatia
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Construa discursos memoráveis e impactantes
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Faça reuniões mais produtivas e discursos mais mobilizadores
Como a The Speaker prepara líderes para esse desafio
Na The Speaker, somos especialistas em formar líderes que comunicam com autoridade e presença. Nosso trabalho vai além da fala: ajudamos executivos a alinhar comunicação, identidade e influência.
Trabalhamos com líderes de grandes empresas em:
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Treinamentos in company de oratória estratégica para times de liderança
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Acompanhamento individual para C-levels que precisam de presença comunicativa forte
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Preparação de discursos, apresentações e falas públicas
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Treino para momentos de alta exposição: crises, reestruturações, lançamentos, fusões
Tudo com metodologia prática, personalizada e com foco em impacto real na performance e na reputação do líder.
Conclusão
Na alta gestão, a comunicação é o que sustenta ou enfraquece a autoridade de um líder. Erros como falas genéricas, jargões em excesso, discursos longos, ausência de escuta e distanciamento emocional comprometem a influência, corroem a confiança e isolam a liderança.
Por outro lado, quem comunica com clareza, empatia, objetividade e escuta ativa, constrói uma presença que inspira, engaja e transforma. A oratória estratégica não é luxo — é ferramenta de sobrevivência e crescimento na liderança moderna.
Se você é um líder que sabe o que quer, mas sente que sua fala ainda não traduz todo seu potencial de impacto, a The Speaker está pronta para caminhar ao seu lado. A sua voz pode ser sua principal alavanca de liderança.
Você já ouviu sua liderança como o mundo escuta?