Feedback destrutivo: como identificar, evitar e transformar a comunicação

Livia Bello

| CEO The Speaker

Muito prazer, meu nome é Lívia Bello, sou CEO e Fundadora da The Speaker, uma empresa que é referência em comunicação e oratória no Brasil.

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Feedback destrutivo: como identificar, evitar e transformar a comunicação

O feedback é uma das ferramentas mais poderosas da comunicação interpessoal. Quando bem utilizado, contribui para o crescimento profissional, para o desenvolvimento pessoal e para a construção de relações saudáveis e produtivas. Porém, quando mal empregado, pode ter o efeito contrário: gerar insegurança, causar rupturas de relacionamento, afetar o desempenho e a motivação de quem o recebe. Nesse contexto, é essencial entender o que é o feedback destrutivo, como identificá-lo, por que ele é tão prejudicial e como transformá-lo em uma comunicação construtiva.

Neste artigo, vamos abordar em profundidade o conceito de feedback destrutivo, os principais sinais de que você está lidando com esse tipo de retorno, as consequências para quem o recebe, e principalmente, como evitá-lo e substituí-lo por uma comunicação que seja assertiva, empática e eficaz. Ao final, você encontrará uma seção de perguntas e respostas com as dúvidas mais comuns e uma conclusão com as principais reflexões do tema.

O que é feedback destrutivo

Feedback destrutivo é aquele que, em vez de promover o crescimento e a evolução de quem o recebe, causa desmotivação, ressentimento, constrangimento ou bloqueios emocionais. Ele pode vir disfarçado de crítica sincera ou até de “sinceridade excessiva”, mas sua essência está na ausência de empatia, na falta de foco na solução e no uso de palavras ou expressões que ferem, desqualificam ou diminuem o outro.

Diferentemente do feedback construtivo, que aponta falhas de forma respeitosa e com intenção de ajudar, o feedback destrutivo foca no erro de maneira agressiva, generalista e muitas vezes carregado de julgamento. Em ambientes profissionais, educacionais ou familiares, ele é um grande sabotador da comunicação eficaz e da confiança.

Características do feedback destrutivo

Identificar um feedback destrutivo é o primeiro passo para combatê-lo. Embora ele possa assumir várias formas, algumas características são recorrentes:

1. Julgamento pessoal:
Quando o foco deixa de ser o comportamento ou atitude e passa a ser a personalidade ou a essência do outro. Exemplo: “Você é incompetente”, em vez de “O relatório que você entregou está com erros que precisam ser corrigidos”.

2. Linguagem agressiva ou sarcástica:
Frases que ridicularizam, humilham ou ironizam o receptor. Exemplo: “Isso foi ridículo”, “Nem parece que você estudou para isso”.

3. Falta de objetividade:
Críticas vagas, sem apontar um fato concreto ou um exemplo específico. Exemplo: “Você nunca faz nada certo”.

4. Ênfase no erro, sem proposta de melhoria:
O feedback destrutivo destaca o problema, mas não oferece caminhos de solução ou evolução.

5. Intenção de punir, não de ajudar:
Quando o feedback é motivado por raiva, frustração ou desejo de controle, e não por vontade genuína de contribuir.

6. Comunicação em público para expor ou constranger:
Feedbacks negativos devem ser dados em particular. Usar o público como “plateia” é uma forma de humilhação.

7. Tom de voz ou postura intimidadora:
Mesmo que as palavras sejam neutras, o modo como são ditas pode comunicar agressividade.

Exemplos de feedbacks destrutivos

Para facilitar a identificação, veja abaixo exemplos clássicos de frases comumente usadas em feedbacks destrutivos:

  • “Você nunca aprende.”

  • “Isso foi um desastre total.”

  • “Eu esperava mais de você, que decepção.”

  • “Nem sei por que ainda te mantenho nessa função.”

  • “Você só atrapalha.”

  • “Com esse desempenho, você devia ter vergonha.”

  • “Não sei como alguém consegue ser tão inútil.”

Essas frases, além de agressivas, não ajudam o outro a entender o que precisa melhorar nem fornecem elementos objetivos para a mudança.

As consequências do feedback destrutivo

O impacto do feedback destrutivo vai muito além do momento em que ele é dito. Ele pode deixar marcas emocionais duradouras, especialmente quando repetido com frequência ou vindo de figuras de autoridade, como líderes, professores ou pais. As principais consequências incluem:

Desmotivação:
O colaborador, aluno ou parceiro se sente desvalorizado e perde o entusiasmo. Isso afeta diretamente o engajamento com a atividade e a confiança na própria capacidade.

Diminuição da autoestima:
Ser constantemente alvo de críticas destrutivas pode gerar uma visão distorcida de si mesmo, levando a insegurança, medo de errar e paralisia.

Quebra de confiança:
O receptor deixa de confiar em quem oferece o feedback, o que compromete a relação e pode gerar conflitos ou afastamento.

Ambiente tóxico:
Em empresas, escolas e famílias, a prática recorrente de feedbacks destrutivos cria um ambiente tenso, hostil e improdutivo.

Resistência ao aprendizado:
Quando o erro é apontado de forma ofensiva, a tendência é que o outro crie barreiras, em vez de se abrir para aprender com aquilo.

Burnout e adoecimento emocional:
Feedbacks destrutivos constantes, associados à pressão por resultados, contribuem para o surgimento de quadros de ansiedade, estresse e esgotamento.

Por que as pessoas dão feedbacks destrutivos

Nem sempre quem oferece um feedback destrutivo tem consciência do que está fazendo. Muitos aprenderam a se comunicar dessa forma, repetindo padrões familiares ou culturais. Outros agem impulsivamente, movidos pela raiva ou frustração do momento. Há também os que usam o feedback como instrumento de poder, tentando controlar ou rebaixar o outro para se sentirem superiores.

As causas mais comuns incluem:

  • Falta de preparo em comunicação e liderança

  • Ausência de inteligência emocional

  • Desconhecimento sobre técnicas de feedback

  • Cultura organizacional permissiva com comportamentos abusivos

  • Dificuldade em lidar com frustrações ou erros

  • Competitividade tóxica

Como evitar o feedback destrutivo

Evitar o feedback destrutivo é uma responsabilidade de todos que buscam uma comunicação mais empática, produtiva e transformadora. Para isso, é preciso desenvolver algumas competências e atitudes práticas:

1. Substitua julgamento por observação:
Descreva o que foi feito, e não quem a pessoa é. Exemplo: em vez de dizer “Você é irresponsável”, diga “Você não entregou o relatório no prazo combinado”.

2. Foque no comportamento, não na identidade:
Critique a ação específica, e não a pessoa como um todo.

3. Use a técnica SBI (Situação – Comportamento – Impacto):
Descreva a situação, o comportamento observado e o impacto gerado. Exemplo: “Na reunião de ontem (situação), você interrompeu colegas várias vezes (comportamento), o que dificultou o andamento da pauta (impacto)”.

4. Ofereça sugestões de melhoria:
Mostre que o objetivo é ajudar, oferecendo caminhos concretos para a mudança. Exemplo: “Seria interessante esperar o colega concluir para, em seguida, contribuir com sua ideia”.

5. Use tom respeitoso e empático:
A forma como você fala é tão importante quanto o conteúdo. Um tom de voz calmo e uma linguagem gentil favorecem a escuta.

6. Escolha o momento e o local apropriados:
Evite dar feedbacks negativos no calor da emoção ou diante de outras pessoas. Planeje o melhor momento para a conversa.

7. Equilibre críticas com elogios:
Reconhecer os acertos fortalece a autoestima e abre espaço para a escuta das sugestões de melhoria.

Como transformar um feedback destrutivo em oportunidade de aprendizado

Mesmo quando você recebe um feedback destrutivo, é possível transformar essa situação em uma oportunidade de crescimento. Isso exige maturidade emocional, resiliência e autoconhecimento. Veja algumas dicas:

1. Filtre o conteúdo:
Tente extrair da mensagem algum elemento que possa ser útil, mesmo que a forma tenha sido agressiva.

2. Não personalize:
Lembre-se de que o jeito destrutivo de comunicar diz mais sobre o emissor do que sobre você.

3. Busque esclarecimentos:
Se possível, pergunte com calma o que, especificamente, pode ser melhorado.

4. Peça feedbacks adicionais de outras fontes:
Converse com pessoas em quem confia para obter outras percepções mais equilibradas.

5. Cuide da sua autoestima:
Não permita que um episódio de feedback destrutivo defina sua identidade ou valor pessoal.

6. Aprenda com o erro:
Se houver um erro real, use isso como aprendizado para evoluir, mesmo que a crítica tenha vindo de forma inadequada.

O papel da escola de oratória na prevenção do feedback destrutivo

Uma escola de oratória e comunicação tem papel fundamental na formação de comunicadores conscientes, empáticos e capazes de construir diálogos que inspiram e transformam. Ao desenvolver as habilidades de escuta ativa, argumentação assertiva, controle emocional e linguagem positiva, os alunos aprendem a oferecer feedbacks com responsabilidade e humanidade.

Além disso, a prática em sala de aula permite que os alunos recebam feedbacks construtivos de forma segura, com espaço para aprender com os erros e celebrar os progressos. Com isso, cria-se um ciclo virtuoso de desenvolvimento contínuo, em que o erro não é motivo de vergonha, mas de crescimento.

Perguntas e respostas sobre feedback destrutivo

O que diferencia um feedback destrutivo de uma crítica sincera?
A crítica sincera pode ser desconfortável, mas é oferecida com respeito, foco no comportamento e intenção de ajudar. Já o feedback destrutivo é ofensivo, generalista e gera danos emocionais.

Posso corrigir um colega ou colaborador sem ser destrutivo?
Sim. O segredo está em apontar comportamentos específicos, evitar julgamentos pessoais, usar tom respeitoso e oferecer sugestões de melhoria.

O que fazer quando recebo um feedback destrutivo?
Respire fundo, filtre o que for útil, evite reações impulsivas e, se necessário, converse com a pessoa para esclarecer ou estabelecer limites. Buscar apoio emocional também é válido.

Dar feedback em público sempre é destrutivo?
Depende. Feedbacks positivos podem ser dados em público para valorizar e incentivar. Já os negativos devem ser reservados para conversas particulares, por respeito e proteção emocional.

O feedback destrutivo pode ser considerado assédio moral?
Se for repetitivo, humilhante, ofensivo e causar prejuízo à saúde emocional ou profissional da pessoa, sim. Nesses casos, é importante buscar apoio jurídico ou da área de recursos humanos.

Como dar um feedback difícil sem cair no destrutivo?
Prepare-se antes, escolha bem as palavras, foque no comportamento e não na pessoa, mostre empatia, ofereça alternativas e demonstre que acredita na capacidade do outro de melhorar.

Existe momento certo para dar feedback?
Sim. O melhor momento é aquele em que ambas as partes estão emocionalmente disponíveis para a conversa, de preferência em ambiente reservado, com tempo suficiente para dialogar.

Conclusão

O feedback é uma das ferramentas mais potentes da comunicação, mas também uma das mais delicadas. Usado com sabedoria, transforma pessoas, equipes e relacionamentos. Usado de forma inadequada, pode causar danos profundos, tanto no nível emocional quanto no desempenho profissional.

Neste artigo, vimos que o feedback destrutivo se caracteriza por julgamentos pessoais, falta de empatia, linguagem agressiva e ausência de foco em soluções. Vimos também as consequências desse tipo de comunicação e como evitá-lo, por meio de técnicas simples, como o modelo SBI, a escuta ativa e o uso da empatia.

A boa notícia é que a oratória e a comunicação eficaz são habilidades que podem ser aprendidas e treinadas. Em uma escola de oratória, os alunos têm a oportunidade de desenvolver não apenas a capacidade de se expressar melhor, mas também a sensibilidade para oferecer e receber feedbacks de forma construtiva.

Se você deseja crescer como comunicador, líder ou ser humano, comece refletindo sobre como você dá e recebe feedbacks. Escolher as palavras certas, no momento certo, com a intenção certa, é uma das formas mais poderosas de transformar o mundo à sua volta — e também o seu próprio mundo.

Comunicar com respeito é comunicar com propósito. E comunicar com propósito é comunicar com poder.

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