Olá, Speaker!
Existem muitos desafios na comunicação: chamar e reter a atenção do público, superar as próprias inseguranças, persuadir de uma maneira eficiente. Um dos maiores desafios atuais, no entanto, é falar sobre assuntos sensíveis, polêmicos.
São tempos de polarização, não é verdade? E nem me refiro apenas à polarização política, tão marcante no nosso país. Mas uma polarização de ideias, que foi significativamente influenciada pelas redes sociais.
Há, inclusive, uma teoria de que as redes sociais despertaram o vício em opinar sobre tudo, geralmente, para discordar.
Aliado à pouca capacidade de ouvir atentamente, esse desejo de opinar para discordar acaba dificultando a vida dos comunicadores, especialmente em apresentações ou outras situações de exposição de fala.
Então, como lidar com tópicos sensíveis em meio à polarização? É sobre isso a nossa conversa de hoje. Confira!
1. Tome (ainda mais) cuidado com a sua introdução
A introdução SEMPRE é um momento que demanda cuidado. A razão? É nesse período inicial que você ganha ou não a atenção do público e que tem sua imagem mais observada, julgada.
Quando o tema da apresentação é polêmico ou sensível de alguma forma, a introdução passa a ser ainda mais determinante. Dependendo da maneira como você decide iniciar a sua fala, a resistência do público pode ser muito maior.
Imaginemos uma situação hipotética: você precisa falar sobre voto eletrônico para um público que tende a preferir voto em papel. Se começar a sua apresentação dizendo “voto em papel é ruim”, isso interfere negativamente na conexão com as pessoas.
O que fazer? Minha sugestão é iniciar a sua fala de uma forma mais neutra. Ao invés de dizer “voto em papel é ruim”, pode começar assim: “qual é a diferença entre voto eletrônico e voto em papel?”, por exemplo. E, depois, seguir a sua argumentação.
Lembre-se que a introdução precisa ser chamativa e despertar interesse, ok?
2. Recorra a estratégias para “quebrar o gelo”
Quebrar o gelo significa, na prática, encontrar alternativas para romper com a resistência do público em ouvir opiniões ou dados contrários aos próprios. Essa não é uma tarefa simples, o que demanda um preparo estratégico.
Para isso, estratégias eficientes podem ser:
– Recorrer ao humor
– Contar uma boa história
– Utilizar a emoção
Humor, emoção e contar uma história são, por si só, elementos atrativos em situações de exposição. O público tende a se interessar por narrativas que utilizem essas abordagens e a abrir-se ao novo, à escuta.
Para definir quais dessas estratégias (ou qual dessas estratégias) são as melhores, considere o perfil do seu público, o tema que você vai abordar e, ainda, as características da situação de exposição – o grau de formalidade, por exemplo.
3. Saiba diferenciar conflito e confronto
Conflito e confronto não são sinônimos, Speaker. Conflito de ideias são mais que saudáveis, eles são necessários. É debater opiniões, defender argumentos, apresentar dados e discutir, sem que isso se torne um problema pessoal.
Já o confronto nasce de um dos problemas mais comuns hoje: a dificuldade de ouvir. Como comunicador, precisamos aprender a entender o termômetro das discussões e lidar quando elas deixam de ser conflitos e se tornam confrontos pessoais.
Por que isso é tão importante? Porque, na maioria das vezes, quem propõe o confronto não está interessado em ouvir. Então, é necessário saber como cortar o problema sem que ele prejudique a apresentação.
4. Pratique a escuta ativa – e empática
Como comunicadores, também precisamos ouvir. Afinal, a comunicação deixou de ser um processo unilateral – onde apenas uma pessoa fala e as demais escutam passivamente.
Para abordar tópicos sensíveis, em meio a tanta polarização, nós, comunicadores, deveríamos ser os primeiros em estarmos abertos ao novo. Quando o público percebe essa abertura, também passa a estar mais disposto a escutar e aprender.
5. Abra um espaço para perguntas (e deixe o público saber)
Este tópico está diretamente ligado ao anterior. Ao abrir um tempo para perguntas ou colocações do público, você se coloca em um patamar mais igualitário e se mostra disposto a debater de uma maneira saudável.
Além disso, abrir esse espaço – e avisar ao público – é uma estratégia para evitar interrupções ou lidar melhor com elas, caso apareçam. Se alguém insistir em interromper, você diz: “há um espaço reservado para discussão ao final”, por exemplo.
É importante, aqui, se preparar para responder perguntas que podem ser difíceis, já que o tema da apresentação é, por si só, sensível e polêmico. O que eu aconselho é:
– Informe-se muito bem sobre o tema: quanto mais dados você tiver, melhor
– Tente pensar em quais perguntas podem aparecer e se prepare para elas
– Estude também argumentos e dados contrários ao que você acredita/defende
– Não tenha medo de dizer que não sabe responder uma pergunta, se isso acontecer
6. Seja o mais assertivo possível
Em apresentações sobre assuntos polêmicos, o público pode estar mais sensível e ainda mais determinado em encontrar brechas ou ruídos na sua comunicação. Por isso, pratique a assertividade.
É aconselhável, ainda, ter cuidado ao usar metáforas ou abordagens que possam ser mal interpretadas por parte do público. Se possível, opte por uma narrativa mais curta, concreta e objetiva para evitar interpretações mal intencionadas ou equivocadas.
Lembre-se: para colocar em prática essa assertividade, as etapas de planejamento e preparo serão cruciais. Planeje seu conteúdo com antecedência e treine sua fala quantas vezes forem necessárias.
Ficou com alguma dúvida sobre como lidar com assuntos polêmicos em apresentações? Você pode entrar em contato comigo pelos comentários ou nas minhas redes sociais! Te espero, Speaker!