Premissas e estruturação da relação de mútua confiança na negociação

Livia Bello

| CEO The Speaker

Muito prazer, meu nome é Lívia Bello, sou CEO e Fundadora da The Speaker, uma empresa que é referência em comunicação e oratória no Brasil.

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Premissas e estruturação da relação de mútua confiança na negociação

Negociar é, antes de tudo, construir pontes. E toda ponte sólida é sustentada por um pilar fundamental: a confiança mútua. Sem confiança, qualquer tentativa de chegar a um acordo será frágil, instável e repleta de ruídos. Com confiança, até mesmo as negociações mais desafiadoras se tornam espaços de diálogo, criatividade e construção de valor.

Neste artigo, vamos explorar em profundidade as premissas da confiança na negociação e como estruturar essa relação de forma sólida, consciente e estratégica. Vamos analisar:

  • Por que a confiança é um elemento-chave nas negociações;

  • Quais são os comportamentos e atitudes que constroem (ou destroem) a confiança;

  • Como usar a comunicação eficaz — especialmente a oratória e a escuta — para consolidar esse vínculo;

  • E como criar relações negociais mais duradouras, éticas e vantajosas para ambas as partes.

Na The Speaker, acreditamos que a boa comunicação não apenas transmite informações — ela constrói relações. E, em nenhuma outra situação essa verdade se revela de forma tão clara quanto no contexto de uma negociação.

A confiança como base da negociação de valor

Antes de qualquer troca de propostas, argumentos ou concessões, uma negociação é uma relação entre pessoas. E toda relação bem-sucedida é sustentada por um componente emocional e racional chamado confiança.

Confiar em alguém é acreditar que essa pessoa age com integridade, transparência e respeito mútuo, mesmo quando os interesses não estão completamente alinhados.

Na negociação, a confiança:

  • Reduz resistências e defesas;

  • Aumenta a disposição ao diálogo;

  • Permite compartilhar informações relevantes sem medo de exploração;

  • Favorece acordos criativos e vantajosos;

  • Preserva a relação no longo prazo.

Por outro lado, a ausência de confiança cria um jogo de manipulação, medo e dissimulação. As partes escondem, testam, desconversam e, mesmo quando o acordo acontece, ele vem carregado de insegurança e instabilidade.

Premissas fundamentais da confiança na negociação

A confiança não é algo que “surge” do nada. Ela é construída (ou destruída) com base em comportamentos, valores e percepções. A seguir, destacamos as principais premissas que fundamentam a construção de uma relação de mútua confiança na negociação.

1. Transparência

Ser transparente é comunicar com clareza de intenção, evitar jogos duplos e não esconder informações essenciais que impactam a decisão do outro.

Em negociações baseadas na transparência:

  • As partes expressam seus interesses reais, e não apenas suas posições;

  • Há abertura para compartilhar limites, objetivos e preocupações;

  • Evita-se omissão estratégica que possa gerar ressentimento.

Exemplo prático: um fornecedor que deixa claro que não pode reduzir o preço, mas está disposto a aumentar o prazo de pagamento, demonstra transparência e gera credibilidade.

2. Coerência

A confiança nasce da coerência entre o que se fala e o que se faz. Promessas vazias, acordos não cumpridos ou mudanças constantes de posicionamento enfraquecem qualquer negociação.

A coerência é percebida quando:

  • Há alinhamento entre discurso e prática;

  • As palavras são sustentadas por ações consistentes;

  • A postura durante a negociação é compatível com o que foi acordado depois.

3. Respeito

Respeitar o outro é reconhecer sua autonomia, seu tempo, sua inteligência e sua dignidade. Mesmo diante de conflitos, o respeito sustenta o vínculo e impede que a negociação se transforme em confronto.

O respeito se manifesta por meio de:

  • Escuta ativa;

  • Comunicação não violenta;

  • Postura colaborativa, e não impositiva;

  • Evitar manipulação, sarcasmo ou ataques pessoais.

4. Competência

Não basta ser ético e respeitoso: é preciso demonstrar preparo técnico, conhecimento e habilidade na condução da negociação. A confiança também depende da percepção de competência da outra parte.

Quando um negociador demonstra domínio do tema, organização e inteligência na análise de cenários, ele transmite segurança — e essa segurança reforça o vínculo de confiança.

5. Boa-fé

A boa-fé é a disposição de agir com honestidade e justiça, buscando equilíbrio na relação. Em uma negociação, boa-fé significa:

  • Não esconder armadilhas em cláusulas contratuais;

  • Não buscar vantagens desproporcionais;

  • Cumprir o que foi acordado;

  • Agir com lealdade, mesmo diante de divergências.

Negociações de boa-fé constroem reputações — e reputações sustentam relações de longo prazo.

Como estruturar a relação de mútua confiança

Agora que você já conhece as premissas, vamos falar sobre como estruturar, na prática, uma negociação baseada em confiança.

1. Estabeleça conexão desde o início

A construção da confiança começa nos primeiros minutos de uma interação. A forma como você se apresenta, como cumprimenta, como ouve, como olha, já começa a comunicar valores.

Dicas práticas:

  • Demonstre presença e interesse genuíno;

  • Faça perguntas abertas para compreender o contexto do outro;

  • Evite partir direto para números, prazos e valores sem antes criar sintonia;

  • Use linguagem verbal e não verbal alinhadas: tom calmo, postura receptiva, escuta ativa.

Esse primeiro contato é o momento de estabelecer rapport — sintonia e empatia comunicacional, que preparam o terreno para a confiança.

2. Apresente suas intenções com clareza

Nada gera mais desconfiança do que um negociador que parece estar escondendo o jogo. Ao apresentar sua proposta, seja claro sobre:

  • O que você está oferecendo;

  • O que espera em troca;

  • Quais são seus limites e flexibilidades;

  • Por que essa proposta é vantajosa também para o outro.

Evite frases genéricas ou manipuladoras. Em vez de “isso é o melhor que posso te oferecer”, diga “essa proposta foi construída com base em nossos objetivos em comum, considerando os pontos que você trouxe na reunião anterior.”

3. Demonstre escuta real e validação

Confiamos em quem nos ouve. Mais do que escutar, é preciso demonstrar escuta:

  • Faça anotações enquanto o outro fala;

  • Repita com suas palavras o que foi dito, para confirmar entendimento;

  • Valide os sentimentos e preocupações do interlocutor (“Entendo que esse prazo seja apertado para você…”);

  • Evite interromper, minimizar ou rebater imediatamente.

A escuta ativa cria um espaço emocional de acolhimento, onde o outro se sente respeitado — e isso fortalece a confiança.

4. Negocie com firmeza e flexibilidade

A confiança não exige submissão, e sim equilíbrio. Você pode manter sua firmeza, defender seus interesses e ainda assim negociar com cordialidade e flexibilidade.

Negociadores que demonstram:

  • Clareza de limites,

  • Firmeza na fala,

  • Mas abertura para escutar e ajustar a proposta,

tendem a inspirar mais confiança do que aqueles que tentam agradar a todo custo ou que impõem sua vontade sem escutar.

5. Cumpra o que prometer

Essa é a regra de ouro. O que mais enfraquece a confiança é não cumprir o que foi combinado. Seja uma entrega, um prazo, um compromisso ou até mesmo uma devolutiva.

É preferível prometer menos e cumprir com excelência do que impressionar na fala e falhar na entrega.

E se, por algum motivo, algo acordado não puder ser cumprido, comunique de forma proativa, transparente e com soluções alternativas.

6. Reforce a confiança ao longo da relação

A confiança não é algo que se conquista de uma vez e permanece intacta. Ela é um vínculo que precisa ser alimentado ao longo do tempo.

Após a negociação, mantenha:

  • Uma comunicação clara e constante;

  • Atualizações sobre o andamento das ações;

  • Abertura para ajustes e feedbacks;

  • Demonstrações de consideração mesmo fora do contexto comercial.

Esses pequenos gestos constroem reputação — e uma boa reputação abre portas que nenhuma técnica sozinha consegue abrir.

O papel da comunicação na construção da confiança

Na The Speaker, defendemos que a comunicação é o principal ativo do negociador. E, quando se trata de confiança, o modo como você se comunica é a mensagem em si.

Veja como usar a oratória e a escuta para consolidar confiança:

Postura corporal

  • Mantenha uma postura ereta e relaxada;

  • Use gestos abertos e congruentes com sua fala;

  • Evite barreiras físicas (braços cruzados, objetos entre você e o outro).

Expressão facial

  • Sorria de forma genuína;

  • Demonstre atenção e envolvimento com o olhar;

  • Adote uma fisionomia coerente com o tom da conversa.

Voz e entonação

  • Fale com ritmo calmo, sem pressa;

  • Varie o tom para evitar monotonia e transmitir emoção;

  • Use pausas para reforçar pontos-chave.

Linguagem verbal

  • Seja claro e objetivo;

  • Evite jargões técnicos desnecessários;

  • Utilize exemplos, metáforas e analogias para facilitar a compreensão;

  • Dê espaço para perguntas e dúvidas.

Escuta ativa

  • Pratique o silêncio como ferramenta de escuta;

  • Reforce a fala do outro com expressões como “entendi”, “claro”, “faz sentido”;

  • Pergunte, ao invés de presumir.

A comunicação eficaz não apenas facilita a negociação — ela constrói o vínculo de confiança que torna a negociação possível.

Conclusão

A confiança não é um detalhe em uma negociação — é a base sobre a qual todos os outros elementos se apoiam. Construí-la exige postura, escuta, coerência e compromisso.

Ao desenvolver habilidades comunicacionais assertivas, empáticas e estratégicas, você se torna não apenas um negociador mais eficiente, mas também um profissional mais respeitado, um líder mais inspirador e uma presença mais confiável.

Na The Speaker, nós acreditamos que toda negociação bem-sucedida começa com uma comunicação de verdade. Uma comunicação que não se apoia em scripts decorados ou frases de efeito, mas em presença, intenção e autenticidade.

Se você deseja se tornar um comunicador que gera confiança e influencia com integridade, conheça nossos programas e workshops. A The Speaker está aqui para ajudar você a transformar sua fala — e com ela, seus resultados.

Porque comunicar bem é mais do que falar. É construir relações que geram impacto.

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