Speaker! Tudo bem?
Há muito e muito tempo, lá pelo século V a.C, havia um conjunto de artes chamadas “artes fundamentais”, que integravam a trivium: lógica, gramática e retórica.
Por que estou falando sobre isso? Porque a retórica pode até ser um conceito antigo, mas está longe de ser algo ultrapassado. Ao contrário, ela é indispensável em determinados momentos, especialmente se o propósito é o de persuadir.
E quais são as situações nas quais é preciso saber persuadir? Praticamente, todo o tempo. A persuasão está nos mínimos detalhes e também nos acontecimentos mais importantes da vida de um profissional. Está numa simples escolha do que pedir para o jantar, como também está no fechamento de um grande negócio.
Persuadir os demais é saber convencê-los, apresentando, para isso, uma argumentação sólida e envolvente. Logo, quem sabe persuadir tem um gigantesco poder nas mãos. Justamente por isso, neste artigo, vou falar sobre a retórica, destacando suas técnicas principais e como aplicá-las. Confira!
Mas o que é a retórica?
Já vimos que a retórica é uma definição que vem de muito tempo atrás. Desde que surgiu, como uma arte, já era vista como algo fundamental, como aquilo que diferencia formadores de opinião das pessoas “comuns”.
Existem várias formas de definir o que é retórica. A definição mais aceita, contudo, é a do filósofo Aristóteles, que a considera como a capacidade de persuadir (geralmente, através de uma situação de exposição de fala, como uma apresentação ou um discurso).
Desse modo, podemos pensar na retórica como algo que se relaciona intimamente à oratória persuasiva, como o conjunto de estratégias e ferramentas direcionadas para o fim de convencer alguém sobre algo.
Líderes das mais diversas partes do mundo e das mais variadas áreas de atuação eram e são grandes mestres da retórica. Eles e elas sabem como fazer as perguntas na hora exata, sabem como adaptar a sua fala de acordo àqueles com quem dialogam, entendem o enorme impacto da dinâmica não-falada em processos comunicacionais e, sobretudo, realmente se importam sobre o que dizem.
Dominar e aplicar as técnicas da retórica e/ou da oratória persuasiva não é um requisito apenas para os grandes líderes mundiais. Todos os profissionais – sejam eles gestores ou não – precisam conhecer, ainda que minimamente, essas técnicas e saber ser persuasivos em seus cotidianos. Siga a leitura!
Quais são as principais técnicas da retórica?
Vejamos, agora, algumas dicas e técnicas para conseguir ser mais persuasivo, utilizando, para isso, conceitos e práticas da retórica e da oratória persuasiva.
– Saiba entender o seu público
Um discurso potente e eficaz em um determinado contexto pode não ter o mesmo efeito se repetido em outra situação, para um público com perfil diferente ao anterior.
Dito de outra forma, para lograr a persuasão que se deseja, adaptar um discurso (uma fala ou uma apresentação) a um público específico se faz essencial. Com isso, se logra selecionar as melhores estratégias para dialogar com esse público e, no fim das contas, convencê-lo sobre algo, utilizando um conteúdo que realmente faça sentido para essas pessoas.
Fazer essa adaptação demonstra vários aspectos sobre você, Speaker. Demonstra, antes de mais nada, que tomou o trabalho de conhecer o seu público e que se importa com ele. Mais que isso, também demonstra uma sensibilidade e inteligência de considerar certas características do público, tais como valores, idade, formação intelectual, estilo de vida, entre outros aspectos que interferem nas suas tomadas de decisões para planejar a sua própria fala.
– Elimine vícios de linguagem
A linguagem coloquial e oral também obedece a certas regras. Nesse sentido, estar atento quanto à concordância e à pronúncia correta das palavras deve ser uma preocupação de todo orador. Além disso, eliminar certos de vícios de linguagem, como a repetição de expressões (né? E daí, ok, entre outras) ou cacofonias também é algo que precisa ser feito.
Os motivos? Para persuadir os demais, é imprescindível transmitir uma imagem confiável e, caso a sua fala esteja poluída com vícios de linguagem, isso irá prejudicar a forma como os outros o enxergam e o julgam.
– Faça perguntas retóricas
O termo “pergunta retórica” é mais usado e conhecido que o conceito de retórica em si. E há uma razão para isso: fazer perguntas estratégicas, perguntas para as quais você já tem uma resposta, é uma ferramenta potente na hora de persuadir alguém.
O simples fato de propor perguntas – muitas vezes, adiantando questionamentos que poderiam vir da sua audiência – é uma forma de passar uma credibilidade maior e potencializar a sua argumentação. As perguntas também servem para estabelecer pausas ativas e/ou ressaltar partes que demandam mais atenção.
– Enfatize trechos importantes da sua fala
Reter a atenção do público sempre é um desafio. Se a ideia é persuadir esse público a um determinado CTA, esse desafio tem uma importância ainda maior, já que é muito difícil convencer alguém sobre algo se esse alguém nem mesmo presta atenção no que estamos dizendo, não é mesmo?
Para enfatizar trechos importantes da sua fala, você pode utilizar duas ferramentas eficazes: aplicar pausas estratégicas e usar as anáforas. As pausas (ou silêncios intencionais) são importantes em vários sentidos. O mesmo acontece com as anáforas, se bem aplicadas. Anáfora é a repetição intencional de palavras ou sentenças, com o propósito de dar destaque a elas, reforçando uma ideia.
– Fale com entusiasmo
A forma mais simples de contagiar alguém sobre algo é acreditando naquilo que você diz. Como costumo dizer, se o orador fala com entusiasmo e paixão sobre algo, as pessoas podem até não concordarem com ele, mas certamente admirarão a sua vontade de defender o que acredita. E isso, por si só, já é inspirador.
Uma argumentação contundente depende muitíssimo do modo como é apresentada. O contato visual, a impostação vocal, a postura e, claro, a escolha dos argumentos é o que determinarão o sucesso ou o insucesso da tentativa de persuasão.
Como vimos aqui, são muitas as estratégias e técnicas ligadas à retórica que podem e devem ser aplicadas quando há o intuito de persuadir. Vale a pena ressaltar que persuadir está longe de ser algo negativo, mas, sim, uma ferramenta para defender aquilo que acreditamos e fazer com que as pessoas entendam – e, quem sabe, compartilhem – a nossa forma de ver o mundo!